O conto da ilha desconhecida

Por Marina Cabral da Silva

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Um homem foi ao palácio do rei para lhe pedir um barco. No palácio havia várias portas e cada uma tinha sua utilidade. O rei passava todo o tempo na porta dos obséquios, onde os tais eram oferecidos.

O homem foi ter na porta das petições, afinal, estava ali para fazer um pedido. O rei, no entanto, fingia não ouvir as batidas na tal porta e deixava baterem até que o som incomodasse a vizinhança que questionavam: Que rei temos nós, que não atende aos seus súditos?

Quando isso acontecia o rei mandava que o primeiro secretário fosse ter com quem batia e este pedia ao segundo secretário que pedia ao terceiro que ordenava ao seu subordinado, este por sua vez mandava ao seu subordinado e assim ia até chegar à mulher da limpeza que não tendo em quem mandar ia atender as batidas. Foi assim que o homem que queria um barco foi atendido.

Quanto tal homem foi atendido pela mulher da limpeza exigiu fazer seu pedido ao rei, ao receber como resposta que o rei era muito ocupado, falou que da porta só sairia quando falasse diretamente com a alteza. Assim deitou-se frente à porta e esperou. Sua estada era positiva aos olhos do rei pelo fato de que outras pessoas não viriam pedir e sobraria mais tempo para os obséquios, mas ao mesmo tempo as revoltas sociais cresciam devido à demora da resposta. Então, em três dias o rei foi ter com o homem.

O homem pediu ao rei um barco, queria ir ao encontro da ilha desconhecida. O rei afirmou que tal não existia, no entanto o homem argumentou e assim teve o barco concedido, o rei mandou que ele procurasse pelo capitão do porto, que sozinho arrumasse sua tripulação e que adquirisse um barco seguro e que navegasse bem.

No instante em que o homem partiu, muitos correram para a porta das petições, mas o rei já havia saído e a mulher da limpeza também, decidira que iria à procura da ilha junto com o homem e que seria a mulher da limpeza no barco.

Ao chegar às docas o homem teve com o capitão que lhe questionou sobre sua experiência nos mares. De longe a mulher da limpeza observava e escolhia entre os barcos qual que gostaria. O capitão cedeu ao homem uma caravela reformulada. Justamente o barco que a mulher escolhera. E foi gritando “meu barco”, se apresentou ao homem e se ofereceu.

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Ela foi para o barco a fim de realizar a primeira limpeza e ele foi em busca da tripulação. Voltou apenas com o jantar para os dois. Homem nenhum acreditava na existência de uma ilha ainda desconhecida, de uma ilha que não constasse nos mapas.

Ele revelou desistência quanto à viagem, afinal esperara três dias pelo rei e agora não conseguia tripulação, mas ela disse que fossem os dois. Os dois jantaram e não sobrou nem sequer uma migalha. Depois, como por desejo da mulher da limpeza, o homem foi conhecer o barco que ganhara. Despediram-se então com um simples: Boa noite, durma bem e tenha sonhos felizes! Ele pensando como a mulher era bonita e ela pensando que ele só tinha olhos e mente para a ilha desconhecida.

Dormiram. Ele sonhou por toda a noite. Sonhou que tinha uma tripulação com homens, mulheres e crianças. Que levava sementes, terra, animais e árvores. No sonho no último instante a mulher da limpeza abandonava a aventura. E ele procurava com os olhos mesmo sabendo da desistência. Os homens quando questionados diziam não ver ilha nenhuma que fosse desabitada e assim desconhecida. Então, quando passaram por terras habitadas, exigiram o desembarque. O homem viu todos descerem e a terra se espalhar pelo barco e as árvores e sementes ali brotarem.

Acordou e tinha nos seus braços a mulher da limpeza. No dia seguinte, batizaram o barco como ilha desconhecida e partiram.

Por Rebeca Cabral