O sertanejo

Por Marina Cabral da Silva

Imprimir
Texto:
A+
A-
PUBLICIDADE

No sertão do nordeste a comitiva do capitão-mor, o maior homem do Ceará, voltava à sua fazenda, junto a sua mulher, Genoveva, e sua filha, Flor. Já bem próximo a terra natal Flor tomou o caminho deixando os outros para trás, enquanto cavalgava o cavalo parou repentinamente temendo algo e nos momentos seguintes a jovem se viu cercada por grandes chamas de fogo, logo ela desmaiou.

Arnaldo era um sertanejo. Vivia na fazenda, mas não se submetia às ordens do capitão, porém dava a vida por ele e sua família. Assim que a família saiu nessa comitiva de viagem até Recife ele também saiu seguindo-os à distância, funcionando como um guardião do qual nem mesmo eles sabiam. Foi assim que seguiu Flor quando ela se afastou e a salvou. Pegou a moça desmaiada, levou-a para casa e logo depois foi embora; ficando sem explicação a salvação da donzela.

A mãe de Flor vendo o fogo logo temeu pela vida da filha e depois de grande aflição encontrou-a em casa. O povo da fazenda mais os empregados que vinham na comitiva cuidaram de apagar o fogo, nessa hora Arnaldo já seguia os rastros na mata que denunciavam quem havia deitado fogo no mato, naquela seca terrível. Os rastros tinham sido apagados, mas o pouco que sobrara denunciou Morão. No entanto a culpa caíra sobre Jô, um velho amigo que vivia em uma gruta nas proximidades de onde o fogo começou.

Sabendo disso Arnaldo levou Jó para outro local e foi atrás de Moirão. Teve com ele na manhã do dia seguinte, os dois eram amigos, mas a vida da família do capitão-mor e a vida de Flor, a quem ele amava ainda mais, eram prioridades. Assim em um combate entre as árvores Arnaldo venceu Moirão, que nunca tinha passado por tal coisa, e declarou que se ele novamente fizesse algo para ameaçar tal família, teria novamente com ele.

Moirão tentou justificar-se, afinal foi humilhado pelo capitão, pois quando trabalhou na fazenda vizinha, Marcos Fragoso, filho do dono, o impediu de morrer e assim devendo-lhe a vida, a mando de Marcos entregou um presente a Flor, pois Marcos era apaixonado pela moça, mas a menina gritou pelo pai que lhe puxou pela orelha e o humilhou. Arnaldo, no entanto, não aceitou a justificativa e disse que em nova tentativa de vingança mataria-o.

Os homens do capitão saíram à procura do causador do incêndio, vieram então perguntar a Arnaldo sobre Jó, mas ele disse que tal coisa só diria ao capitão. Assim, quando ele voltou à casa da fazenda o patrão lhe perguntou quem causara o fogo, mas ele não respondeu, sendo assim desobedeu ao capitão. E isso era inadmissível, mas com interseção de Flor o capitão disse que concedia o perdão se ele o pedisse, Arnaldo negou e por muitos dias esteve metido no mato sem que ninguém desse notícia.

O novilho de Flor também havia sumido e foi assim que Arnaldo voltou à fazenda trazendo o novilho de volta. Assim que chegou o capitão-mor fez-lhe vaqueiro da fazenda, cargo vago desde a morte do pai de Arnaldo, o melhor vaqueiro daqueles tempos superado apenas pelo o próprio filho.

Nesses tempos Marcos Fragoso dono da fazenda vizinha veio para habitá-la, o seu objetivo era casar com Flor. Jó ficara a vigiar a casa dele e assim Arnaldo estava a par de tudo que lá se passava. Conversando, capitão-mor e Genoveva resolveram que Marcos Fragoso, que passara ali quando chegaram às terras, seria um bom noivo para Flor.

Marcos fez então um convite de almoço e apenas para evitar a perda do pretendente o capitão aceitou o convite, na comitiva iam homens do capitão dentre eles Arnaldo, e mais Flor, Genoveva e Alina, uma orfão criada por eles. Ao se encontrarem antes de chegarem ao local onde a tenda estava armada veio à tona a história do boi Dourado.

Dourado era o mais belo, valioso e veloz boi daquelas terras e homem nenhum o havia capturado. Bastou falar que ele que apareceu e assim os homens se animaram em uma perseguição ao boi. Fragoso disse que não só o laçaria como faria do couro do boi sandálias para a moça mais bela. Arnaldo não foi pra caçada, apenas observava. Flor, Genoveva e o padre Teles que por regras da sociedade não podiam se divertir na caçada foram caçar pequenos novilhos que estavam soltos ali. Flor, para maior diversão, tirou seu chale vermelho e começou a sacudi-lo.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Um boi que estava próximo veio correndo pra cima dela e assim Arnaldo a salvou, depois de tal alto se lançou na caça ao Dourado o que só irritou Fragoso que logo de início viu nele um inimigo. Por fim Arnaldo se afastou muito na caça ao boi. Conseguiu pegá-lo, mas sabia que um boi como aquele não podia ficar cativo, apenas o marcou com o símbolo de Flor.

Todos já tinham terminado o almoço quando Arnaldo chegou. O que se passava era que Fragoso ia pedir a mão de Flor durante o caminho de volta e caso recebesse uma resposta negativa seus homens já estavam prontos em uma emboscada para roubá-la. Mas como Jó vigiava a fazenda de Fragoso eles sabiam do plano e depois de libertar Dourado Arnaldo se juntou a Jó que tinha colocado ervas nas bebidas dos que preparavam a emboscada adormecendo-os e assim juntos prenderam a todos.

Quando chegou à tenda narrou o que fizera com Dourado e o capitão fez das palavras de Arnaldo palavras suas. Então partiram, Fragoso e o capitão ficaram para trás e foi aí que ele pediu a mão de Flor em casamento, no entanto o seu pedido foi de forma que seria uma honra a eles que Flor se cassasse com ele, isso desagradou o capitão que era o homem mais poderoso daquele sertão, assim a proposta foi recusada. Fragoso então deu o sinal, para que a moça fosse rapitada.

Porém, Arnaldo viu tudo e quem respondeu o sinal foi ele e assim Fragoso e seus homens foram embora acreditando que Flor estava em seu poder. No entanto a moça chegou sã e salva em sua casa. Fragoso irritado com aquilo criou um novo plano.
Rosinha, uma de suas empregadas, e José foram à casa do capitão, ao chegarem lá falaram que ela era uma viúva e que seu marido tinha sido assassinado por glorificar o capitão, um homem que o odiava matou-lhe.

O plano era que o capitão para não ser desonrado por tal homem inventado, saísse à procura dele, mas ele não foi, mandou grande parte de seus homens. Nesses tempos Fragoso voltava com uma armada pronta para tomar a moça. Em uma manhã Rosinha, por quem Flor adquiriu grande afeição só nesse tempo que ficara ali, convidou-a para um passeio, José avisou aos outros homens que estavam na floresta que era a hora de agir. Mas Arnaldo que sempre seguia vigiando Flor conseguiu salvá-la.

Mas a esse momento chegava Fragoso à fazenda com quatrocentos homens, prontos a tomar a moça já que novamente não tinha conseguido. No entanto capitão-mor tinha consigo apenas cinquenta homens, pois o resto estava à procura do tal que Rosinha inventara. Porém, Arnaldo e Jó sabiam do perigo que estava perto, então Jó foi à procura da tribo Jucás, o chefe era um amigo de Arnaldo que lhe devia a vida e a liberdade. E Arnaldo avisara aos homens do capitão que voltassem no menor prazo possível, pois a família corria perigo. Fragoso tentou ainda por duas vezes ter a mão da moça de forma pacífica, mas não obteve, em resposta à sua última tentativa o capitão-mor mandou uma carta dizendo que na manhã seguinte ele teria sua resposta.

A resposta era o casamento de Flor com Leandro Barbalho seu primo, antes do casamento se consumar Fragoso deu-se pelo que se passava e inicou o combate armado, enquanto tal se passava o padre Teles realizava o casamento, mas antes dele terminar uma flecha o atingiu matando-o. Depois desse momento Arnaldo voltou a si, afinal não perdera a sua amada, fez um sinal para a tribo Jucás e assim de um lado os índios atacaram e do outro os récem chegados empregados e assim venceram Fragoso e seus homens.

Ao final o capitão-mor veio descobrir que a vitória só foi possível pela ação de Arnaldo e ofereceu-lhe o que quisesse, não lhe pediu a mão da amada Flor, pediu a de Alina para Agrelaum, um dos empregados da casa e só.

Por Rebeca Cabral