Os Bruzundangas

Por Marina Cabral da Silva

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Bruzundanga era um país onde a nobreza se dividia de duas formas. Uma constituída pelos chamados doutores. Aqueles que tinham feito medicina, direito, engenharia e de todos que tinham tal pseudo. A outra era formada por novos ricos que de forma incomum adquiriam títulos. Iam à Europa e voltavam como conde, príncipes, princesas, lordes e todo o resto.

A política nesse país era cômica. Políticos eram nomeados pelo voto, mas quem votava não tinha a mínima idéia do que estava fazendo. O presidente tratado por Mandachuva e engajado na política através do sogro que o queria em bom cargo para as filhas, chegou à presidência graças à sua ignorância e logo que se viu empossado se cercou de sua “clientela”. Cargos eram entregues devido à beleza dos candidatos que deveriam saber dançar, cumprimentar e sorrir para impressionar os estrangeiros, sendo que esses eram de grande valor para os bruzundangas.

Nas escolas as crianças aprendiam que Bruzundanga era um país cheio de riquezas naturais, o que de fato era. No entanto, tais riquezas não eram aproveitadas. O que se podia produzir o povo comprava pronto.
A constituição da Bruzundanga foi feita por um pequeno grupo que se inspirou na constituição de Brobdining, o país dos gigantes. Porém, ela se afastou de tal princípio e passou a ser determinada a favor dos que estavam na “situação”, ou seja, os políticos e a constituição passaram a seguir favorecendo seus parentes e conhecidos.

A Força Armada era gentil, humana e pacifista. A sociedade era formada por médicos ricos, advogados, tabeliões, políticos, altos funcionários e daqueles cheios de empregos públicos. Ainda havia as filhas e mulheres dos que se enriqueciam pela indústria e pelo comércio, porém, esses industriais e comerciantes junto com suas famílias não constituíam a sociedade, sendo que essa nem se podia dizer existente devido sua inconstância. E de forma geral ela era medíocre.

Exemplos de heróis de Bruzundanga foi uma moça que se uniu a um estrangeiro que unido a rebeldes buscava a independência de uma província, outro herói foi um de seus mandachuvas que burlava a constituição e a declarava imprestável, outro herói foi o Visconde de Pacome que conhecendo a história e a geografia do país julgou conhecê-lo e trabalhava apenas em prol da imagem da Bruzundanga no exterior.

Vendo o comércio do país entregue nas mãos dos estrangeiros o sentimento de nacionalismo apoderou-se dos bruzundangas que tomaram o ensino prático, onde a prática era o ideal central, também a modernidade era importante. Os jovens eram inscritos em coisas como o curso de venda ambulante de fósforos e de venda ambulante de gazetas onde eles tinham que apresentar documentos comprovando que sabiam pegar bondes em movimento.

A religião predominante era a católica apostólica romana. Existindo muitos frade e monjas que, no entanto eram estrangeiros.
A província mais exaltada ali era a de kaphet. Onde a vaidade e o culto ao dinheiro eram gigantescos. Suas exposições de arte apenas mostravam reproduções de grandes artistas. Afirmavam que suas escolas tinham o melhor ensino. Apregoavam que a arte de escrever só cabia ao chics e ricos. Os artistas que pintavam eram extremamente ruins e não havia arquitetos bons.

Em Bruzundanga havia apenas uma representação teatral idêntica em todos os aspectos. Os sábios eram os que sabiam citar mais obras estrangeiras e aqueles que escreviam livros onde copiavam opiniões. Os médicos também eram considerados sábios e só escreviam em sânscrito. A música pertencia às mulheres. A indústria comprava a matéria prima do exterior e cobrava altos preços do povo. Assim era a República dos Estados Unidos da Bruzundanga.

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Por Rebeca Cabral