Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres

Por Marina Cabral da Silva

Imprimir
Texto:
A+
A-
PUBLICIDADE

Loreley, apelidada de Lóri, morava no Rio de Janeiro. Era professora primária, morava sozinha em um apartamento em Ipanema não tinha amigas, no mínimo a cartomante que freqüentava. Tinha pai e irmãos vivendo em Campos, mas se desligara deles. Sua família era rica, vivia do pequeno salário de professora de escola pobre e da mesada que seu pai lhe dava. Acreditava em um Deus grande ao qual não se implorava, mas agregava-se a ele.

Ulisses, também vivia no Rio, era professor de filosofia em uma faculdade. Um homem paciente. Aproximou-se de Lorí apenas pelo desejo e ela só queria dele aprender algo de sua profissão. Passaram a se encontrar, ela sempre tinha dúvidas quanto a ir ou não e ele sempre entendia quando ela deixava de aparecer, raras vezes se falavam por telefone, assim levavam.

O relacionamento dos dois foi aprofundando, eles mantinham uma espécie de amizade, Ulisses esperava por ela, esperava que descobrisse o viver. E ela ia nessa busca sempre receiosa do que poderia tornar-se, perder ou ganhar. Com tempo e as novas experiências ambos iam descobrindo a verdade do eu e da vida.

Ulisses em certo momento não procurou por Lóri, estava deixando ela se encontrar, se descobrir sozinha. Ela ia passando por uma metarmofose, começava a sentir a vida. Quando o inverno chegou comprou casacos vermelhos para todos os seus alunos para poupá-los do frio. Na primavera sentia o amor, mas ao mesmo tempo em que parecia estar vivendo a vida se perdia em dor, assim continuava sozinha.

Em um dia em seu apartamento chegou a um “estado de graça” de uma alegria gigante. Dois dias depois Ulisses ligou, queria vê-la, se encontraram. Lóri começou a falar sobre as descobretas que fizera e as transformações que passava, falou sobre o amor aos alunos e como pretendia comprar calças e blusas azuis para os meninos e para as meninas vestidos, já que a escola era pobre e assim não exigia uniforme.

Ulisses viu nesse momento que Lorí estava pronta, pronta para ter prazer, para dormir com ele, para amar, ela deixara aquela existência falsa e incompleta, deu-lhe seu endereço e disse que a esperaria em sua casa sempre que não estivesse trabalhando, com o quarto cobertos por frescas pétalas de rosa e que ela deveria ir sem avisar, caso não quisesse pegar um táxi ligasse a ele que a buscaria.

Lorí não foi, dedicava-se aos alunos com amor de mãe, estava sempre vivendo o viver, em uma madrugada estava em seu terraço, veio sobre ela a chuva e viu que precisava de Ulisses. Foi para casa dele, lá se entregaram um ao outro, em um amor sincero, permaneceram ali unidos, planejando como viveriam dali pra frente, pois agora pertenciam um ao outro, e como continuariam a buscar a real verdade sobre o viver.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Por Rebeca Cabral